“Quem quiser de Deus ter a coroa / Passará por mais tribulação / Às alturas santas ninguém voa / Sem as asas da humilhação / O Senhor tem dado aos Seus queridos / Parte do Seu glorioso ser / Quem no coração for mais ferido / Mais daquela glória há de ter.” 

Esse é um trecho de um dos mais belos hinos da Harpa Cristã, o hino 126 “Bem-aventurança do Crente”. De acordo com a própria Harpa Crista, publicada pela Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) e relatos históricos, o hino 126 é de autoria da missionária Frida Maria Strandberg Vingren, mais conhecida por Frida Vingren. Ela era esposa do missionário Gunnar Vingren, fundador das Assembleias de Deus no Brasil juntamente com Daniel Berg.

Frida Vingren nasceu no norte da Suécia em 9 de junho de 1891. De uma família de crentes luteranos, Frida formou-se em Enfermagem, chegando a ser chefe da enfermaria do hospital onde trabalhava. 

Tornou-se membro da Igreja Filadélfia de Estocolmo, onde foi batizada nas águas pelo pastor Lewi Pethrus em 24 de janeiro de 1917. Pouco depois, recebeu o batismo no Espírito Santo.

Ela chegou ao Brasil em 1917, jovem, tinha apenas 26 anos de idade. Ela conheceu Gunnar Vingren, ainda na Suécia, quando o missionário havia ido àquele país, para arrecadar fundos e visitar a família. Durante o encontro, ele conta para Frida sobre a missão e ela se apaixona pela ideia do Brasil. Eles acabaram se tornando amigos, e no mesmo ano em que ela veio ao Pará, casou-se com Gunnar Vingren em uma cerimônia presidida pelo missionário Samuel Nyström. O casal chegou a ter seis filhos. 



Ainda de acordo com relatos históricos, além de missionária e pregadora, Frida atuou como enfermeira, jornalista, articulista e poetisa, chegando a escrever nove poesias. Além disso, era multi-instrumentista e compositora. Frida cantava, tocava órgão, violão e compôs mais de 20 hinos da Harpa Cristã, entre eles: "Já achei uma flor gloriosa" (196), "Quem sua mão no arado já pôs" (394), "Se pelos vales eu peregrino vou andar" (515). Além de compositora, também era tradutora, vindo a traduzir cerca de 35 hinos da igreja sueca para o português, alguns hinos não chegaram a ser inseridos na Harpa Cristã. 



Frida chegou a ser redatora dos primeiros jornais da Assembleia de Deus (Boa Semente e O Som Alegre) e do jornal Mensageiro da Paz. Escreveu 20 reportagens e 48 artigos teológicos e doutrinários para a igreja Assembleia de Deus nos seus primeiros anos. Um dos seus maiores sonhos era a de ser escritora e ter livros publicados, mas não conseguiu. 

“Como nem tudo é um mar de rosas”. E de conformidade ao trecho da terceira estrofe do hino 126 da Harpa Cristã: “Quem quiser de Deus ter a coroa / Passará por mais tribulação / Às alturas santas ninguém voa / Sem as asas da humilhação...” Frida começou a viver o vale das dificuldades. Em março de 1920, a missionária Frida Vingren foi acometida de malária, sofrendo terríveis ataques de febre. Depois de seu restabelecimento, ela enfrentou o problema de saúde do marido. A partir do final daquele ano, Gunnar Vingren começou a sofrer de esgotamento físico, em consequência da dedicação exclusiva ao trabalho missionário e das vezes que contraiu malária. Por esse motivo, o casal decidiu passar um período na Suécia. O retorno ao Pará ocorreu em fevereiro de 1923, quando Frida contava 30 anos. 

Após mais de quinze anos dedicados no Brasil, a família Vingren decidiu retornar definitivamente à Suécia em setembro de 1932. Dias antes da partida, a filha Gunvor Vingren, com três anos e dez meses de idade, acometida de uma infecção na laringe, faleceu no Rio de Janeiro e foi sepultada no cemitério do Caju, naquele estado. 

No país natal, após a morte de Gunnar Vingren, Frida é impedida de voltar ao Brasil. Em 1935, Frida foi internada contra sua vontade em um hospital psiquiátrico de Estocolmo, onde perdeu quase 40 quilos. A ex-missionária se encontrava bastante abatida. Morreu aos 49 anos de idade em 30 de setembro de 1940. Faleceu nos braços da filha, pesando apenas 23 quilos. 

De acordo com os relatos, no decorrer dos 15 anos, enquanto esteve no Brasil, Frida se tornou uma das mais importantes lideranças da igreja. Suas atribuições, muitas até então reservadas apenas aos homens, entretanto, desagradaram pastores brasileiros e suecos, fizeram com que ela fosse perseguida e pressionada a voltar a seu país de origem, onde teve o fim trágico.

 

O HINO 126 - BEM-AVENTURANÇA DO CRENTE 

Quando ao hino 126 da Harpa Cristã “BEM-AVENTURANÇA DO CRENTE”, existem também informações de que o hino 126 não é de autoria de Frida. Pastor Isael de Araújo, autor do Dicionário do Movimento Pentecostal, editora CPAD, esclarece que o hino 126 da Harpa Cristã não tem Frida como autora, e que ela foi apenas a tradutora. 

Segundo o pastor Isael, o hino e a melodia fazem parte do hinário pentecostal sueco Segertoner e publicado no hinário Psaltério Pentecostal em 1931, sob o número 120, no Rio de Janeiro. 

Só quem conviveu de perto com Frida Vingren sabia das dificuldades que ela e o marido Gunnar Vingren enfrentavam. 

Se foi ela a autora ou apenas a tradutora do hino 126, não importa. O que interessa mesmo é saber que Frida cantava e se expressava em cada letra da canção, a confiança em meio a tribulação a qual, junto com o marido, estavam passando. Com certeza, ela mantinha viva a esperança onde declara: “Quando aqui as flores já fenecem / As do céu começam a brilhar / Quando as esperanças desvanecem / O aflito crente vai orar / Os mais belos hinos e poesias / Foram escritos em tribulação / E do céu, as lindas melodias / Se ouviram, na escuridão.” 

E mesmo nessa escuridão, diante das lutas e sofrimentos, Frida conclui o cântico escrito ou traduzido: “Sim, confia tu, inteiramente / Na imensa graça do Senhor / Seja de ti longe o desalento / E confia no Seu santo amor / Aleluia seja a divisa / Do herói e todo o vencedor / E do céu mais forte vem a brisa / Que te leva ao seio do Senhor”. 

Ela se manteve fiel até o Senhor levá-la para o Seu seio. Acreditando ela, que: Quem no coração for mais ferido / Mais daquela glória há de ter...” 

Relatos apontam que a história da missionária Frida Vingren passou décadas esquecida e, nos últimos anos, vem sendo resgatada tanto na Suécia quanto no Brasil. 

A história de Frida foi tema de livro, de tese de doutorado e chegou a alimentar debate com tema polêmico, sobre o papel da mulher na Assembleia de Deus. 

Obstante as perseguições que Frida Vingren enfrentou, a denominação a que dedicou a vida reconhece "a liderança desta mulher pioneira e sua atuação foi de suma importância para a consolidação da Assembleia de Deus no Brasil". 

Em reconhecimento ao trabalho de Frida, a Casa Publicadora das Assembleias de Deus lançou uma biografia sua, reconhecendo-a como "uma mulher cristã à frente do seu tempo". 

Que Deus abençoe você e sua família. Se você gostou do documentário e o vídeo, compartilhe. Até a próxima!

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Fontes: 
  • https://www.bbc.com/portuguese/geral-44731827
  • https://pt.wikipedia.org/wiki/Frida_Vingren
  • http://dicionariomovimentopentecostal.blogspot.com/
  • https://www.facebook.com/isaeldearaujo/posts/1971367816428751/
  • https://www.cifraclub.com.br/blog/historia-da-harpa-crista/
  • http://drgesiel.blogspot.com/2018/07/frida-vingren-historia-omitida-da.html: